Por DatacenterDynamics
Após anos de testes e dois anos de trabalho prático em condições naturais no gelado Mar do Norte – Escócia, foram retirados esta semana, 864 servidores mergulhados a 37 metros de profundidade no oceano. A fase final de trabalho dos pesquisadores da Microsoft, provou que o conceito de data center subaquático é viável logisticamente, ambientalmente e economicamente.
O conceito de data center subaquático entrou em cena na Microsoft em 2014 durante o ThinkWeek, um evento que reúne funcionários para compartilhar ideias prontas para colocar em prática. O conceito foi considerado uma forma potencial de fornecer serviços em nuvem ultrarrápidos para populações costeiras e economizar energia.
Atualmente, mais da metade da população mundial vive em um raio de 120 milhas da costa. Colocando data centers debaixo d’água, perto de cidades costeiras, os dados teriam uma curta distância para viajar, levando a uma navegação rápida e tranquila na web, streaming de vídeo e jogos.
Os mares subsuperficiais consistentemente frios permitem que projetos de data center alcancem eficiência energética.
A equipe do Projeto Natick da Microsoft provou que o conceito de data center subaquático era viável durante uma implantação de 105 dias no Oceano Pacífico em 2015. A Fase II do projeto incluiu a contratação de especialistas marítimos em logística, construção naval e energia renovável para mostrar que o conceito também é prático.
“Estamos agora no momento de desfrutar do que fizemos em vez de sentir a necessidade de ir e provar um pouco mais”, disse Ben Cutler, Director for Special Projects da Microsoft. “Fizemos o que precisávamos fazer. O Projeto Natick é o alicerce fundamental para a empresa iniciar novas jornadas”.
Durante sua estadia na Escócia, o data center também foi usado para realizar pesquisas sobre a Covid-19. A Microsoft ressalta que o data center funcionou inteiramente com energia eólica, solar e outras fontes verdes experimentais, atualmente desenvolvidas em âmbito local.
O data center subaquático da Microsoft foi fabricado pelo Naval Group e sua subsidiária Naval Energies, ambos especialistas em defesa naval e energia marinha renovável. A Green Marine, empresa sediada nas Ilhas Orkney – Escócia, apoiou o Naval Group e a Microsoft na implantação, manutenção, monitoramento e recuperação do data center, que a equipe de Projetos Especiais da Microsoft operou por dois anos.
A implantação e recuperação do data center subaquático das Ilhas do Norte exigiu mares atipicamente calmos e uma dança coreografada de robôs e guinchos que se desenrolou entre os pontões de uma barcaça de pórtico. O procedimento durou um dia inteiro em cada extremidade.
Depois de retirado do fundo do mar e antes do transporte para fora das Ilhas Orkney, a equipe da Green Marine lavou o tubo de aço à prova d’água que envolvia os 864 servidores e a infraestrutura do sistema de resfriamento.
O data center limpo e com amostra de ar foi levado por um caminhão. Entre os componentes embalados e enviados para a sede da Microsoft em Redmond – Washington, estão alguns servidores com falha e cabos. Os pesquisadores acreditam que esse hardware os ajudará a entender por que os servidores no data center subaquático são oito vezes mais confiáveis do que os que estão em terra.
“Estamos povoando o globo com dispositivos de ponta, grandes e pequenos”, disse William Chappell, vice-presidente de sistemas de missão da Azure. “Aprender como tornar data centers confiáveis o suficiente para não precisar do toque humano é um sonho nosso.”